QUEM ERA SIMÃO “O ZELOTE”?
Texto Bíblico:"E a André, e a Filipe, e a Bartolomeu, e a Mateus, e a Tomé, e a Tiago, filho de Alfeu, e a Tadeu, e a Simão o Zelote" - Marcos 3.16-19.
... que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 1 Timóteo 2:4.
INTRODUÇÃO
Em quatro textos bíblicos aparecem a palavra ZELOTE, todas as vezes que refere-se a um certo discípulo chamado Simão, dentre os doze. Não se trata de Pedro que às vezes era chamado de Simão Pedro.
Ser Zelote era ser membro de um grupo religioso extremamente zeloso por duas instituições consideradas sagradas para os judeus: o templo e a Lei. O nome zelota vem de um termo hebraico - kanai que significa ser zeloso por, ou ser ciumento por Deus. Esse grupo surgiu por volta do ano 6 d.C. e foi liderado por Judas, o Galileu. Eles pretendiam, inicialmente, defender os bens dos judeus que estavam sendo confiscados injustamente por soldados romanos. Em seguida, acharam que haviam sido escolhidos por Deus para a importante missão de exterminar os ímpios.
Na verdade, sempre existiu em Israel pessoas extremamente zelosas pelas coisas de Deus. Quando digo extremamente zelosas estou falando de pessoas que são capazes de matar, de forma impiedosa, para defender os princípios nos quais crêem.
Exemplos:
- Os xiitas, taliam e outros grupos radicais do islamismo atual.
- Jeú (10º rei de Israel de 28 anos), um homem extremamente zeloso que fez cumprir todas as profecias dos servos do Senhor (1º Reis 21.21), contra a família de Acabe e especialmente com a rainha Jezabel.
- Macabeus, a história registra a existência de pessoas com esse comportamento, a exemplo de Matatias. Para essas pessoas, qualquer um que infringisse as Leis de Moisés era merecedor de morte, sem julgamento direito à defesa. Na maioria das vezes eles exibiam a cabeça da pessoa executada para comprovar que foram eles mesmos quem executaram.
- Em outras palavras, em termos atuais, ser zelote é ser um terrorista.
Na época de Jesus os zelotas já não se ocupavam de punir seus próprios compatriotas, uma vez que havia um número mui grande de romanos, principalmente na cidade de Jerusalém e que cometiam sacrilégios constantes, desrespeitando ou profanando o templo e suas adjacências. Os zelotas tinham como inimigos todos aqueles que "profanassem" o templo ou algum lugar considerado sagrado. Chegaram a ser chamados de "seita" devido a criação de doutrinas e princípios específicos para quem pretendesse fazer parte do grupo.
Diziam-se defensores do sagrado, acreditavam piamente que eram instrumentos de justiça nas mãos de Deus e, além do mais, tinham a bênção dos sacerdotes para executarem linchamentos imediatos, como no caso de Estêvão, em Atos 6.
Flávio Josefo chamava-os de "salteadores" e de "bandidos" em suas várias citações. Somente na insurreiçã (revolução) o judaica de 66 d.C. ele os chama pela primeira vez de "zelotas".
Paulo, fazendo referência a si mesmo, diz ter sido um zelote religioso - Gálatas 1:14 . Mas, como diz a Bíblia que tudo o que o homem planta colhe, o apóstolo Paulo não foi assassinado por romanos. Sua decapitação ocorreu em Roma, porém foi executada por zelotes, na via Ostiense, porque desde que converteu-se, a caminho de Damasco, foi considerado pelos zelotes como traidor. Daí ter sido tão perseguido por seus compatriotas.
O seja, entre os doze discípulos de Jesus haviam dois pescadores, um alfandegário e um ex-terrorista, o Simão.
Escolher Simão Zelote para fazer parte dos doze... realmente Jesus foge a todos os padrões! Não sei o que é mais intrigante, se o fato de Jesus escolher Simão ou o fato dele aceitar seguir Jesus. Se Simão realmente fazia parte dos zelotes, ambas as opções são desconcertantes.
- Fico imaginando Simão, o opositor da dominação romana, convivendo lado a lado com Mateus, um cobrador de impostos a serviço do Império Romano.
- E o que dizer de Simão Zelote vendo Jesus curar o criado do centurião romano (Mt 8.5-10) e elogiando a fé desse centurião?
Sobre esse convívio, John D. Jones comenta: “Na lista dos doze, encontram-se os nomes de dois discípulos que outrora, sempre prontos para luta, odiavam-se mutuamente com ódio feroz e amargo, até que Jesus, atraindo-os para Si, atraiu-os um ao outro. Se algum dia houve uma inimizade incorrigível e irreconciliável, esta foi a de Simão Zelote e do publicano Mateus. Porém, aqui estão ambos, lado a lado, não mais estrangeiros, muito menos estranhos um ao outro, antes amigos e irmãos.
“Eis que Mateus e Simão foram, enfim, reconciliados em Jesus Cristo”.
A experiência de Simão, de ex-zelote a evangelista, mexe com as nossas estruturas e nos faz pensar:
1º - Na graça de Deus que alcança o mais violento pecador;
Isso é chamado de arrependimento é um dom de Deus, tanto quanto o perdão e a justificação, e não pode ser experimentado a menos que seja comunicado à alma por Cristo.
- Mas afinal o que é arrependimento?
a) Arrependimento é uma intensa aversão contra o pecado e todas as suas formas.
b) O arrependimento é o dom de Deus, e uma evidência de que Cristo está atraindo a alma para Si.
Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Efésios 2:8.
Assim como não podemos ser perdoados sem Cristo, também não podemos nos arrepender sem Ele.
A experiência de Simão, de ex-zelote a evangelista, mexe com as nossas estruturas e nos faz pensar:
2º - No ministério reconciliador de Cristo;
- Estávamos separados de Deus! - A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou. No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis. Colossenses 1:21 e 22
- Estávamos perdidos e sem Deus! - Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Efésios 2:12.
- Distanciados de qualquer possibilidade de salvação! -Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Romanos 3:23
- Mergulhados em práticas abomináveis diante do Senhor! - Os lábios mentirosos e os pensamentos maus são abomináveis ao SENHOR,Provérbios 12.22; 15.26 .
- Andando em trevas e densa escuridão! - "O julgamento é este: a luz veio ao mundo e os homens preferiram as trevas ao invés da luz porque suas obras eram más. Todo aquele que pratica o mal odeia a luz e se mantém longe dela, pois tem medo que suas obras sejam expostas. Mas todo aquele que pratica a verdade aproxima-se da luz para que fique claro que tudo o que ele faz é feito em Deus. João 3:19-21
A experiência de Simão, de ex-zelote a evangelista, mexe com as nossas estruturas e nos faz pensar:
3º - Nos nossos preconceitos;
Fomos criados por Deus como seres pensantes, com liberdade de pensar, raciocinar, criar idéias e conceitos. Isso é uma maravilha de Deus em nós. Tendencialmente o homem pode formar pré-conceitos.
Exemplo: Você pode falar que não gosta ou não aprecia um prato em especial, ainda que nunca o tenha experimentado ou degustado. Um conceito formado mesmo antes de sequer sentir o paladar. Contudo, quando você se predispõe a prová-lo, pode ser que seu conceito mude com relação à idéia anterior.
Falei disso tudo pra chegar em Atos 10:9. Aqui Pedro é confrontado por Deus. E não é um confronto qualquer. Pedro é exposto por Deus a um dos seus maiores preconceitos. Para o judeu, pautado na lei mosaica, alguns animais eram impuros, não serviam para alimentação. Deus usa isso para mostrar a Pedro que na realidade, à Seus Olhos, não há diferença entre judeu e gentio. Que o Evangelho de Cristo é para todos.
- “Nunca é tarde para abrirmos mão dos nossos preconceitos”. Henry Thoreau
A experiência de Simão, de ex-zelote a evangelista, mexe com as nossas estruturas e nos faz pensar:
4º - Na revolução que Cristo fez e que vale a pena: a revolução de amor!
Eu estava fazendo uma revolução na força da guerra..., mas lendo as páginas deste livro (a Bíblia) descobri que Cristo fez uma revolução muito maior do que eu, sem violência e destruição, fez a revolução do amor e da liberdade espiritual mediante o sangue da sua cruz. Napoleão Bonaparte
Jesus não propôs uma revolução de tipo social e político, e sim a revolução do amor, que já realizou com sua Cruz e com sua Ressurreição.
- Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. João 15:9
- Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. 1 Coríntios 13:13
- E não vos canseis de fazer o bem. 2 Tessalonicenses 3:13,
- E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Gálatas 6:9
CONCLUSÃO
O momento no qual ocorreu o chamamento de Simão para se unir aos apóstolos não é muito claro na Bíblia. Sabe-se apenas que foi convidado ao mesmo tempo que André, Simão Pedro, Tiago e João, filhos de Zebedeu, Judas Iscariotes e Judas Tadeu (Mateus 4.18-22).
Não se sabe ao certo qual teria sido o ministério de Simão posteriormente. Recebendo o Espírito Santo junto aos demais, Simão saiu a pregar em diversos lugares, passando pelo Egito, Síria, Mauritânia, Líbia, Numidia, Cirenia e Abjásia. Neste último, uma região localizada na costa nordeste do Mar Negro, ele iluminou com a fé em Cristo numerosos pagãos. Também esteve na Bretanha, onde converteu à luz do Evangelho muitos descrentes, tendo sido depois crucificado por idólatras. Esta é uma das mais antigas tradições, cuja principal autoridade é Doroteo, Bispo de Gaza (300 d.C.). Nicéforo, Patriarca de Constantinopla, um respeitado historiador (758-829), também confirma a presença do Apóstolo em Bretanha.
Outras tradições afirmam que o Apóstolo esteve na Pérsia, com Judas, com quem foi martirizado. Outros ainda atestam que Simão o zelote foi sepultado na cidade de Nicósia, perto de Zhiguencia. Os lugarejos indicam que este local está a uns 13 km de Sujumi, não muito distante da costa do Mar Negro. Sua pregação era bem parecida com a dos outros quatro Apóstolos que foram para o Oriente, tida por alguns como ascética e judaica, tal como aquelas preservadas na Epístola canônica de Judas.
O certo é que Simão sujeitou-se a um chamado de abandonar sua “boa causa” por outra “muito maior”. Essa causa “maior” obviamente era pregar o evangelho do Reino de Deus e expor-se a perda de tudo para que os homens fossem livres da opressão de Satanás.
... circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo.E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo, Filipenses 3:5-8.